Novos enredos e enredamentos
Em 28 de junho de 2021, 4º dia da lua cheia, foi instalado na Unifesp o Conselho Consultivo da Cátedra Kaapora. Junho é um mês que reflete a luz e a alegria das fogueiras e das festas dos Santos (Antônio, João e Pedro), dos N’Kise (Nkosi e N’Zazie) e dos Orixás (Ogum e Xangô). Este ano, contudo, foi também um mês de grande luta pelo direito à terra, portanto à vida, dos povos originários. A primeira reunião do Conselho da Kaapora se deu sob esta dupla aura: alegria por estarmos com 19 guardiões de diferentes repertórios e modos de conhecer, oferecendo um lume para nos guiar por trilhas outras que a orientação eurocêntrica da academia; ao mesmo tempo, preocupação e tristeza pelo motivo da ausência de representantes dos povos indígenas naquele dia: estavam em protestos por seus direitos.
A partir de agora, a Cátedra terá em seu Conselho professores e mestres que atuam nos programas pioneiros de Encontro de Saberes, da UnB (José Jorge de Carvalho e Lucely Pio) e da UFMG (César Guimarães e Makota Kidoiale), além de Elisabete Pinto do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Ações Afirmativas e Permanência Estudantil Indígena e Quilombola da UFBA. Conta com lideranças de terreiros como Táata Nkisi Katuvanjesi (Terreiro Inzo Tumbansi-SP, Instituto Latinoamericano de Tradições Bantu e Centro Internacional de Civilizações Bantu), de quilombos, como Zica e Anacleta Pires (de Santa Rosa dos Pretos, Maranhão) e de comunidades tradicionais do Vale do Ribeira, como Adriana de Souza Lima. Integram também o Conselho da Kaapora indígenas dos povos Pankararu (Maria Lidia da Silva) e Guarani (Carlos Papá e Timoteo Vera Popygua). Há membros de coletivos artísticos, como Edson Fontes, dos Favoritos da Catira e Wallace José Silva, rapper e integrante do Coletivo KOVILL CO, ambos de Guarulhos. A riqueza é completada pela participação da bordadeira e escritora D. Jacira, do ativista das culturas populares Tião Soares – com seu mamulengo –, da sambista e deputada Leci Brandão. São conselheiros da Kaapora, ainda, Fabiano Maranhão, da Gerência de Estudos e Programas Sociais do SESC/SP, representantes do Instituto Socioambiental (Marina Kahn e Deborah Lima) e Nádia Solange Clemente Vaz Ferreira, do Iada África. Finalmente, professores da Unifesp externos à Cátedra, cujos objetivos acadêmicos e institucionais são complementares e convergentes aos da Kaapora: Alan Carneiro, do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros - NEAB; Aline Feitosa e Marilia Calazans, do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense - CAAF; Renzo Taddei e Andrea Rabinovici, da Cátedra Sustentabilidade
Parte do Conselho Consultivo da CÁTEDRA KAAPORA
Nessa primeira reunião, os conselheiros e os integrantes da Cátedra Kaapora se apresentaram ou se reencontraram. Uma louvação feita pelo Taata Nkisi Katuvanjesi abriu o encontro, enquanto o encerramento foi cantado por Anacleta Pires. Fomos brindados, também, com uma loa de Paulo Dias. Nas falas, ficou patente a convergência de interesses, valores e objetivos e o desejo de atuar numa rede de trocas e apoios. Os conselheiros também deram sugestões relativas ao projeto de mapeamento de coletivos artivistas que a Kaapora está desenvolvendo atualmente. É muito bom poder contar com um grupo potente e diverso como esse para nos assessorar em ações futuras!
Taata Nkisi Katuvanjesi abertura do encontro Encerramento por Anacleta Pires
No dia 09 deste mês de junho a Cátedra Kaapora também passou à condição de órgão complementar da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Unifesp, após deliberação do Conselho Universitário. Esperamos seguir estendendo nossas redes dentro e fora da universidade! Nesta nota, celebramos esses marcos importantes para a Kaapora e agradecemos às mestras e mestres que irão orientar nossos passos e construir caminhos conjuntos de transformação da universidade em uma pluriversidade.
Reunião inaugural do Conselho Consultivo da CÁTEDRA KAAPORA